Dias inertes
sobre os pombos e as pessoas, as pessoas e os pombos, e os cães e os ratos que andam por aí sem sapatos.
os ratos são cinzentos
não se sabe onde dormem
não se sabe o que comem
sabe-se aquilo que se vê
apenas durante o dia
entretanto chega a noite.
e indiferente enterra o dia,
e a mentira
de que tudo é indecente
antes do dia nascer
e nasce o dia
e o dia passa lento
escorre e ferve como o cimento
se há rancor e ressentimento
com a pressa de morrer
Os pombos e os ratos
cruzam-se com as pessoas
sem ninguém saber
trocam mensagens secretas
sobre a tristeza de obedecer
e os cães que ladram entre eles
choram os donos que lhes dão de comer.
cruzam-se com as pessoas
sem ninguém saber
trocam mensagens secretas
sobre a tristeza de obedecer
e os cães que ladram entre eles
choram os donos que lhes dão de comer.
Pombos e ratos são cinzentos.
Eles são da cor do cimento
porque têm a coragem de o ser — à luz inerte do dia.
Eles são da cor do cimento
porque têm a coragem de o ser — à luz inerte do dia.
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