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A mostrar mensagens de março, 2009

mamãrobot

Mamãrobot é um cristal, Mamãrobot é pedra dura, Mamãrobot veio doutro sítio. Mamãrobot é roupa suja, tábua-de-engomar e alguidar. Mamãrobot está sempre a tropeçar. Mamãrobot veio de muito longe, com um saco preto enfiado na cabeça e uma mala a tira-colo. Parecia um susto! Mamãrobot anda em casa, e tem direcção assistida. Mas está sempre a tropeçar. Às vezes enche-se de ar para não se magoar. Mamãrobot é de um cinzento cromado, ela lava e seca lágrimas sem cobrar. Mas ela própria não pode chorar, porque assim vai enferrujar. Tem que beber óleo preto para funcionar. Coitada Mamãrobot!

a rosa sem senão/refresco de limão

Trazes-me um refresco? Marte e Júpiter esperam por mim, trás e frente são-no ao avesso, Mas isto já não dá nada com nada, E eu morro de solidão. Estou só de Sol ou lá de Lá ou dó de Dor: que não posso sem um desejo de morrer ou desesperar, E fico assim, No abismo abismada, Nem só de Sol ou lá de Lá, só dó de Dor. Ouve o teu respiro, Olha o teu umbigo, Diz-me o que vês e traz-me a solução, De que não, Há Rosas sem senão. E depois deixas-me em paz, Trazes-me um refresco de limão, Porque Marte e Júpiter chamam por mim. E dás-me boleia até ao céu. Ou então não, e eu dou-te um abraço e posso descansar em Paz. Deixa-me em Paz! Quero morrer sozinha, ou então com muitas flores coloridas, Rosas sem senão. Quando me vou embora? Marte e Júpiter esperam por mim. Acho que já estou a voar, Sou uma imbecil. Afoga-te rapariga, Afoga o rapaz também, Tira a coroa ao teu imperador. Maldita Rosa sem flor. Espelho triste, dourado, ò Rei! E a tua coroa de flores mortas. Escuta o teu respiro, Tira-me o sonho

o teu grito

É a espera. Está frio cá fora, o céu está nublado, e a estrada é tão larga, não a quero atravessar. Não há semáforos onde estou, por isso espero que atravesses tu esta estrada. Para te pores em perigo por causa de mim. Farás isso? Ou o teu orgulho não to permite? É o meu jogo: Tenho o Ás de Espadas apontado ao teu peito. Sei que não tens medo, pões-te a falar dos filósofos da terra e deixaste de olhar o céu. Dás-me ouvidos, mas eu peço-te mais. Dá-me a mão e segura-a forte até eu dizer pára. Alguns carros passam depressa, não têm cor, trazem a velocidade - é a medida do nosso tempo. Há silêncio na velocidade do tempo. E nos intervalos de tempo é que vives. E tu vives em mim. Morres se eu não te der razão de existir. És o meu divertimento. Tu falas-me dos teus filósofos, dos teus deuses e poetas. Mas em mim tens a Criação. E assim sou deus. Contentas-te com deus? Corro menos riscos se for um deus, sabes? Passou agora um carro, vejo longe os prédios dos subúrbios. Vejo a tua vida