a vida louca


Ela vivia num sítio em Lisboa a cair aos bocados, junto ao rio
Onde se passeavam barquitos à toa e marinheiros estrangeiros.
Fora top-model em Nova Iorque e vivia num loft com um sujeito
Que tinha herdado uma fortuna mas que raramente tomava banho.
Era alto o rapaz, aristocrata de sangue puro, de cabelo loiro escuro,
O dela cheio de caracóis, cor de café torrado, dos avós de África herdado.
Foram glamorosos, ele e ela, juntos eram uma sensação
Nas festas loucas de Londres, L.A. e Amsterdão.
Bebiam champanhe francês na companhia de artistas,
Apareciam sempre a sorrir nas fotos das revistas
Enquanto dançavam os rapazes selvagens de Duran Duran.
Eram vistos nas passerelles de Milão, cartazes publicitários e painéis:
Um metro e oitenta e cinco, oitenta sessenta oitenta e seis.
Faziam um vídeoclip da vida como estrelas de rock and roll.
Mas virou a década, uma overdose bastou e ele morreu
E ela sem dinheiro e ninguém, da tristeza adoeceu.
Apanhou um avião para Lisboa onde um homem a acolheu.
Limpava escadas para quatro patroas de madrugada,
As lágrimas escorriam-lhe na face quando se lembrava
Daquele modo cinemático de viver.

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