a matemática do bem maior
O Generalíssimo entrou triunfante pela porta adentro. Ansioso, esperava ver a nova decoração do seu gabinete. O Tenente-Coronel esperava-o, confortavelmente sentado no cadeirão do Generalíssimo, atrás da imperial e faustosa nova secretária de mogno com tampo de mármore e de pernas esguias que faziam lembrar as colunas do Olimpo. Este, pasmado com o atrevimento, abriu demasiado o olho caindo-lhe assim o monóculo que ficou estupidamente a balançar da corrente dourada e reluzente que o prendia da bolsinha da farda militar cor de azeitona que vestia impreterivelmente todos os dias, impecavelmente engomada sem quaisquer vincos. O Tenente-Coronel esboçou um sorriso familiar, suas mãos repousavam calmamente nos braços do cadeirão do Generalíssimo, ao mesmo tempo que o enxergava com uma displicência curiosa, quase infantil. Mas o Generalíssimo não via nada para além de ser um outro qualquer a ocupar-lhe o lugar e, para ele, o semblante do Tenente-Coronel era igual ao dele de todos os dia...