o teu adeus
Tu conheces-me bem. Era eu que te fazia o pequeno-almoço todos os dias. Vim visitar-te outra vez. Recebes-me com a mesma mesma cara. Custou-me muito andar este caminho todo a pé. A noite vai alta. Chateia-me o facto de não dizeres "Olá". Eu disse-te "Olá", mas só levantaste os olhos. Não, não quero saber se tens trabalho ou se interrompi qualquer coisa. Vim porque te encontro sempre aqui. Neste andar vazio. Estás à espera que eu faça conversa? Já devias saber que não há conversa de cerimónia entre nós. Falamos só daquilo que não pode permanecer em silêncio. Já te trato por tu há muito tempo. Tu, que finges que a minha visita não te afecta. Tu, que já não me sabes mentir. Mas eu perdoou-te por já não me conseguires mentir. Não tenho saudades do teu sorriso de cortesia. Mas queria um "Olá". Dizes-me o que sentes, zangas-te, irritas-te. Mas eu não me importo. Porque sei que quando me abraças, faze-lo com o coração. E é por isso que venho. E é por isso que não...