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A mostrar mensagens de 2009

Monsieur Fleur

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o CEO que NÃO usa gravata...

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Rosa às 5 da tarde

Rosa às cinco da tarde olha o relógio e faz cinco anos. Brinca com o novelo de lã vermelho. Rosa às cinco da tarde e é Inverno e neva lá fora. Vê uma árvore despida no frio, respira para o vidro e o vidro embacia. Rosa às cinco da tarde e o avô na poltrona que adormeceu. E o papel de parede às flores. E a lareira acesa. E o novelo que se desfiou. Rosa e a árvore nua, a neve e o silêncio, quer brincar. Faz anos. Rosa! - às cinco da tarde, ninguém chegou a gritar. O avô acorda, enrola o novelo, põe-no na panela para o jantar. Chucha nas pantufas e começa a fazer caretas. Eram Rosa às cinco da tarde quando Rosa não voltou mais.

A história do Rolando

Veio-me uma ideia à cabeça. Duas, aliás. Mas uma delas deixou-me nervosa. Que um homem, o Rolando mordia a orelha a outro homem, um transeunte. O Rolando trabalhava num talho. Era um Homem simples, não acabara o 9º ano. Era gorducho, já estava quase careca, apesar dos seus 26 anos. Nunca lhe vi barba.Era um Homem com pouco pêlo. Andava anormalmente com a bata do talho para todo o lado mas toda a gente o conhecia através do vidro da montra da carne. O Rolando vivia a branco e a vermelho. Ou melhor, vivia a branco sujo de vermelho. Salpicava-lhe sangue na bata, orgãos moles também. Bocados de tripa às vezes. Era um homem muito físico e sensual na maneira delicada com que lidava com a carne. Tendo especial devoção à carne de porco - sendo o porco um animal por excelência curvilíneo. Gostava muito de transformá-lo em bifanas ao gosto dos clientes. Em paralelepípedos de bifanas ou nacos geométricos medidos a régua e a esquadro. A forma ou a divina escultura do porco ganhava sentido nas

Extracto do diário da Drª Beffy Santiago

Mais um dia para esquecer. Tenho pilhas de Direito Económico a amontoarem-se na minha secretária, estou com umas dores de cabeça horríveis. E.. o meu contacto na Randolph&Drone resolveu perder o Blackberry logo hoje!! E depois delegam sempre tudo em mim, claro ...porque é solteira, porque não tem filhos, porque isto e aquilo e aquele outro. Onde raio me fui meter, "Dá à Beffy, que ela trata" - Se o cretino do Baltasar entrar no meu gabinete amanhã de manhã a perguntar se conseguimos o cliente, eu juro que lhe atiro com os Decretos-Lei e a inteira Regulação do Mercado à cara. A Lara do Salão diz que me ando a desleixar, pudera..! tenho lá eu tempo para ir arranjar o cabelo e as unhas. Como se alguém notasse, pff. Burra de carga, Beffy! Burra de carga! Diz que desde o divórcio ...bolas, quatro anos como passam. Enfim, a Lara tem razão. Isto não pode continuar. Espera só para veres, Baltasar: acho que a Randolph&Drone se vai cortar. O quê? Eu? Eu vou sair mais cedo Bal

Extracto do diário do poeta/escritor Jaquelino Bragão Travassos

Que a terra húmida, como ventre primordial me acolha de novo neste vendaval silencioso em que me encontro, ò eterna paz e revolução da juventude, vós sumistes tal como a luz que agora vejo, coada pelos vitrais desta catedral a que o povo chama velhice. Tudo é neblina e já não vejo o sangue pulsar-me nas veias nem o ímpeto do jovem que eu era. A miudagem é a força, o bulício da brincadeira, o murmúrio constante de um riacho que corre e corre e não cansa até que alguém diz pára, chegaste ao mar, agora descansa. Ninguém avisa, não há sinais, corre e escorre a vida por entre vales, rochas, montanhas e barragens que inadvertidamente construímos para nós. Num só sentido corre contra-relógio, para esse eterno retorno à terra que nos viu nascer. Vivo em memórias, enquanto Deus mo permitir. Vivo no pretérito-perfeito quando nada na vida foi perfeito. Tal é a tristeza de envelhecer. Nota: Jaquelino B. Travassos nunca chegou a ultrapassar a barreira do anonimato. Ele também nunca existiu

europeias '09

O Vital Moreira parece um espantalho!, não consigo olhar para a televisão sem fazer um esforço enorme para não me sair um chorrilho de asneiras contra aquela figura. o Homem fala para dentro. não se ouve o que ele diz! alem disso parece um manequim poeirento de uma boutique de senhores dos anos 40 que ficou esquecido na montra durante décadas. Tire a laca do cabelo, não penteie o bigode! solte o seu lado selvagem! use StudioLine. Quem será o Consultor de Imagem do Vital? Você não fez um bom trabalho. O Paulo Rangel surpreendeu pela positiva. Mas tenho um estranho ..qq coisa.. que ele é capaz de estar muito mais bem cotado no eleitorado feminino. Isto tem a ver com o facto de eu achar que ele seria o perfeito genro para muitas wannabe sogras. E sim, o fato Dick Tracy dos cartazes eventualmente vai capitalizar muito nas urnas. Não estivesse o PSD o pântano que está, o Sr. já podia fazer pontaria às estrelas. O Nuno Melo devia cortar esse cabelo. Você tem ar de betinho. Nem os clientes do

confissões de um servidor

aqui coitado :((

a velha

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encontrei esta cara num quadro de um pintor famoso que já não me lembro qual é e copiei-a mas também não tenho paciência para ir procurar a cara da velha e em que quadro está e qual o pintor famoso.

mamãrobot

Mamãrobot é um cristal, Mamãrobot é pedra dura, Mamãrobot veio doutro sítio. Mamãrobot é roupa suja, tábua-de-engomar e alguidar. Mamãrobot está sempre a tropeçar. Mamãrobot veio de muito longe, com um saco preto enfiado na cabeça e uma mala a tira-colo. Parecia um susto! Mamãrobot anda em casa, e tem direcção assistida. Mas está sempre a tropeçar. Às vezes enche-se de ar para não se magoar. Mamãrobot é de um cinzento cromado, ela lava e seca lágrimas sem cobrar. Mas ela própria não pode chorar, porque assim vai enferrujar. Tem que beber óleo preto para funcionar. Coitada Mamãrobot!

a rosa sem senão/refresco de limão

Trazes-me um refresco? Marte e Júpiter esperam por mim, trás e frente são-no ao avesso, Mas isto já não dá nada com nada, E eu morro de solidão. Estou só de Sol ou lá de Lá ou dó de Dor: que não posso sem um desejo de morrer ou desesperar, E fico assim, No abismo abismada, Nem só de Sol ou lá de Lá, só dó de Dor. Ouve o teu respiro, Olha o teu umbigo, Diz-me o que vês e traz-me a solução, De que não, Há Rosas sem senão. E depois deixas-me em paz, Trazes-me um refresco de limão, Porque Marte e Júpiter chamam por mim. E dás-me boleia até ao céu. Ou então não, e eu dou-te um abraço e posso descansar em Paz. Deixa-me em Paz! Quero morrer sozinha, ou então com muitas flores coloridas, Rosas sem senão. Quando me vou embora? Marte e Júpiter esperam por mim. Acho que já estou a voar, Sou uma imbecil. Afoga-te rapariga, Afoga o rapaz também, Tira a coroa ao teu imperador. Maldita Rosa sem flor. Espelho triste, dourado, ò Rei! E a tua coroa de flores mortas. Escuta o teu respiro, Tira-me o sonho

o teu grito

É a espera. Está frio cá fora, o céu está nublado, e a estrada é tão larga, não a quero atravessar. Não há semáforos onde estou, por isso espero que atravesses tu esta estrada. Para te pores em perigo por causa de mim. Farás isso? Ou o teu orgulho não to permite? É o meu jogo: Tenho o Ás de Espadas apontado ao teu peito. Sei que não tens medo, pões-te a falar dos filósofos da terra e deixaste de olhar o céu. Dás-me ouvidos, mas eu peço-te mais. Dá-me a mão e segura-a forte até eu dizer pára. Alguns carros passam depressa, não têm cor, trazem a velocidade - é a medida do nosso tempo. Há silêncio na velocidade do tempo. E nos intervalos de tempo é que vives. E tu vives em mim. Morres se eu não te der razão de existir. És o meu divertimento. Tu falas-me dos teus filósofos, dos teus deuses e poetas. Mas em mim tens a Criação. E assim sou deus. Contentas-te com deus? Corro menos riscos se for um deus, sabes? Passou agora um carro, vejo longe os prédios dos subúrbios. Vejo a tua vida

o teu adeus

Tu conheces-me bem. Era eu que te fazia o pequeno-almoço todos os dias. Vim visitar-te outra vez. Recebes-me com a mesma mesma cara. Custou-me muito andar este caminho todo a pé. A noite vai alta. Chateia-me o facto de não dizeres "Olá". Eu disse-te "Olá", mas só levantaste os olhos. Não, não quero saber se tens trabalho ou se interrompi qualquer coisa. Vim porque te encontro sempre aqui. Neste andar vazio. Estás à espera que eu faça conversa? Já devias saber que não há conversa de cerimónia entre nós. Falamos só daquilo que não pode permanecer em silêncio. Já te trato por tu há muito tempo. Tu, que finges que a minha visita não te afecta. Tu, que já não me sabes mentir. Mas eu perdoou-te por já não me conseguires mentir. Não tenho saudades do teu sorriso de cortesia. Mas queria um "Olá". Dizes-me o que sentes, zangas-te, irritas-te. Mas eu não me importo. Porque sei que quando me abraças, faze-lo com o coração. E é por isso que venho. E é por isso que não

o teu cigarro

Sabia que estarias aqui. Sozinho e o teu cigarro. Acossado e escondido neste ermo no fim do mundo. A tua imagem impressiona-me. Os teus olhos crescem à medida que o teu corpo se esvai. E tudo vai com o tempo, até tu, apesar de não o admitires. Julgas-te para além da vida e da morte. Pedes-me vida aqui neste ermo. O dia começa para todos menos para ti. Sei porque queres a minha presença. Queres viver, tens fome. E eu dou-te vida sempre que estou contigo. Sugas-me as forças, sacrifico-me em nome do teu orgulho e da tua fantasia. Queres ser mais que os Homens. Está frio, o céu está azul - vi-lo nos teus olhos. Ainda mora um céu dentro de ti e sabes que tens esse poder sobre mim. Só que eu alimento essa loucura para não te perder, para que vivas, para além da morte. Tudo em ti, para além da morte. E tu deixas-te estar. Sabes que acabo sempre por vir até ti. Em tempos tinhas o sol em ti e dizias-me que que me levarias contigo - lembras-te? Que subiríamos ambos ao zénite e lá seríamos um. Qu